domingo, 28 de março de 2010

Hoje no Coliseum: Caso Nardoni



Pouco me interesso por casos policiais, mesmo quando são de preferencia nacional. Mas neste caso devo me pronunciar, não pelo caso em si mas pela cobertura execessiva da midia e pela chocante participação do populacho na opinião pública. Que vergonha profunda!! Gente torcendo, comentando na padaria, no ponto de onibus, algo que deveria ser exclusivamente da esfera policial e jurídica. Só faltou gente vendendo pedras na porta do tribunal para o apedrejamento, lembrou até a história do Lynch. Se fosse o gladiador ele gritaria para a turba: Are you not entertained?

Menos que medieval, de mal gosto, coisa de fuchiqueiros divertindo-se em mexericar acerca de um caso que deveria apenas gerar comoção silenciosa, imbecis soltam rojões na porta do tribunal, continuação de um BigBrother da desgraça humana.

Schadenfreude, o gostar de ver gente se estrepando, batendo com a cabeça, caindo no chão. Feio, muito feio. Alguem disse que a TV deixa os inteligentes mais inteligentes e os burros mais burros. Mas a grande maioria é de burros, ficam sistematicamente mais e mais, burros. E se alguem reclama, chamam de intelectual com todo desdem dos tolos.

Uma pena pois estamos na era de Aquarius, no terceiro milenio, vimos guerras, corrupção, iniquidade, e nada aprendemos, Vimos Cristo, Dalai, Chico Xavier e nada aprendemos. Sinto-me nos derradeiros dias de uma Roma apodrecida pela insensibilidade.

Vejo centenas de carros de Policia cercando o Palacio do Governo para proteger o Governador de professores que reinvindicam melhor salario. Observo cavalaria, policiais de olhar maligno com a mão na cartucheira, botando panca de John Wayne com seus uniformes justinhos, suas sirenes histericas, suas luzinhas vermelhas piscando, parados sobre a calçada, andando na contramão, passando sinal vermelho, apontando armas para a população. Mas isso não causa espécie, o vulgo prefere aplaudir os capitães Nascimento e postar-se frente ao tribunal, apedrejar o miserável casal assassino. Palmas para nós.

Ilustração e texto: Sergio Cajado
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3 comentários:

sueli aduan disse...

Só pra não dizer que não falei das flores...

Que texto, Cajado!

Discutímos sobre tudo isso, ontem, por esse mesmo viés ,esse mesmo sentimento.

Somos muitos,somos fortes...
abs

Cleyton Cabral disse...

Texto perfeito, Sérgio. saudades de vc, moço. Abração.

Anônimo disse...

Se a desgraça alheia não fosse atrativa, não existiria Márcia Goldichimiti.
Parabéns pelo texto!