
Pouco me interesso por casos policiais, mesmo quando são de preferencia nacional. Mas neste caso devo me pronunciar, não pelo caso em si mas pela cobertura execessiva da midia e pela chocante participação do populacho na opinião pública. Que vergonha profunda!! Gente torcendo, comentando na padaria, no ponto de onibus, algo que deveria ser exclusivamente da esfera policial e jurídica. Só faltou gente vendendo pedras na porta do tribunal para o apedrejamento, lembrou até a história do Lynch. Se fosse o gladiador ele gritaria para a turba: Are you not entertained?
Menos que medieval, de mal gosto, coisa de fuchiqueiros divertindo-se em mexericar acerca de um caso que deveria apenas gerar comoção silenciosa, imbecis soltam rojões na porta do tribunal, continuação de um BigBrother da desgraça humana.
Schadenfreude, o gostar de ver gente se estrepando, batendo com a cabeça, caindo no chão. Feio, muito feio. Alguem disse que a TV deixa os inteligentes mais inteligentes e os burros mais burros. Mas a grande maioria é de burros, ficam sistematicamente mais e mais, burros. E se alguem reclama, chamam de intelectual com todo desdem dos tolos.
Uma pena pois estamos na era de Aquarius, no terceiro milenio, vimos guerras, corrupção, iniquidade, e nada aprendemos, Vimos Cristo, Dalai, Chico Xavier e nada aprendemos. Sinto-me nos derradeiros dias de uma Roma apodrecida pela insensibilidade.
Vejo centenas de carros de Policia cercando o Palacio do Governo para proteger o Governador de professores que reinvindicam melhor salario. Observo cavalaria, policiais de olhar maligno com a mão na cartucheira, botando panca de John Wayne com seus uniformes justinhos, suas sirenes histericas, suas luzinhas vermelhas piscando, parados sobre a calçada, andando na contramão, passando sinal vermelho, apontando armas para a população. Mas isso não causa espécie, o vulgo prefere aplaudir os capitães Nascimento e postar-se frente ao tribunal, apedrejar o miserável casal assassino. Palmas para nós.
Ilustração e texto: Sergio Cajado
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