sábado, 19 de junho de 2010

Abstração humana

Estava vendo um filme abstraindo sobre a vida em um outro planeta. Ha uma boa quantidade deles que ensaiam sociedades exoterrestres. Parece que a medida que vão se fazendo filmes de ficção cientifica, do tipo espacial, uns vão inspirando os outros numa jornada criativa onde se especula e projeta a possibilidade de um tipo diferente de vida algures no universo. Curioso notar que a preferencia é dada para seres humanoides com um tipo de relação social muito próxima da que temos. Deve ter a ver com Marketing. Neste filme, como em outros, existe compra, venda, propriedade, dinheiro, trabalho, valores tão diretamente humanos que a extrapolação fica sendo puramente estética. A forma parece ser o que mais preocupa a imaginação dos autores. Na verdade deveriamos tentar imaginar valores relacionais alienígenas, cortar coisa improváveis como família, religião, sistema financeiro, parentesco, linguagem e mesmo formas ou pensamento. Talvez haja espaço neste universo para alocar seres pouco convencionais que nossa imaginação eventualmente não ouse supor.

Seriamos sábios se observassemos a natureza mais do que observamos os livros santos. A natureza contem o código para entendermos o universo. E é um grande universo. Imaginemos um planeta com seres vivos. A vida pode não ser exatamente baseada em Carbono, os seres não precisam necessariamente serem móveis, podem viver simbióticamente com outras formas de vida para manter o ciclo de energia, podem não precisarem de luz ou a enxergarem sob outro espectro cromático. Mas mesmo se fossem humanoides poderiam, por exemplo, não entender o que é possuir. Poderiam não entender nosso conceito de individualidade, poderiam ter vários sexos ou nenhum, teriam outros Leit Motiv, motivações imcompreensíveis para nós, outros sentidos, diferentes dos nossos, para perceber coisas que fossem pertinentes a sua existencia em um ambiente imponderável.

Eventuamente alguma variação destas incontáveis possibilidades pode ter alcançado um nivel de evolução que permita passear pelo o universo e visitar planetas ao acaso. Podem ser bons e podem ser ruins. Podem tambem não ser nenhum nem outro mas representarem um perigo a nossa existencia ou para a deles mesmo. Imaginemos quantos microbios contemos e se um destes bichinhos resolve passear por uma possivel laringe extraterrena e causar uma gripe terráquea que dizima toda uma espécie em um planeta distante. Ou se um micróbio espacial tivesse pegado carona com o visitante. Ha filmes explorando tambem essa possibilidade. Estes filmes certamente não são base científica para afirmações mas a ciência pode tampouco prever a infinitesimal grandeza do universo. A abstração pertence a todo genero humano

Como muita coisa é possivel temos tambem de considerar as dimensões. O escritor e filósofo francês Voltaire escreveu Micromegas em 1732, conto este que foi banido pela igreja no mesmo ano. Tratava-se das viagens espaciais de um filósofo pelo cosmos. O que mais chama a atenção são as dimensões dos seres que encontra. Alguns tem vários quilometros de altura e a comunicação é bastante difícil outros são minúsculos e mesmo ve-los é custoso. O autor considera tambem o numero de sentidos e longevidade em taxas exponenciais. Todos os viajantes que encontram são tambem filósofos e eles discutem as diferenças entre os seres. Jules Verne, Huxley, Lem, Arthur Clark, Poe, Wells, Thorwald, Asimov, Strugatsky, Dike e tantos outros criaram seus mundos imaginários, abstrairam.

Como sabemos que tudo é feito de energia, elemento compositivo dos atomos e eletrons podemos imaginar que as propriedades moleculares talvez não sejam as mesmas que as nossas criando assim invisibilidades, transponibilades e toda sorte de extravagancias físicas. Se enrolassemos um filme em torno do planeta, um fotograma seria o que enxergamos de nossa galáxia. Bom, são trilhões de galáxias. Com nossa lunetinha de brinquedo, o Hubble, podemos ver estrelas ingasgavelmente gigantescas a milhares de anos luz daqui. Mas não sabemos se, de muito mais longe, alguem está olhando pra gente de um telescópio galáctico profissional. Tambem não sabemos se o monte de ondas de rádio que mandamos de la pra ca com toda a informação sobre nossa civilização pode ser entendida por algum radio amador cósmico.

Sabemos em nosso intimo que temos uma energia inteligente dentro de nossos corpos animais e muitos lidam com isso de maneira diferente. Uns rezam, outros tem contatos, e outros tem fé. Não se pode dizer com certeza como isso funciona pois nunca paramos para olhar a questão com seriedade ou honestidade. A somatória dos estudiosos de diferentes areas contem a chave para estes enigmas. Mas eles não se unem nem se livram de seus dogmas deixando o conhecimento fragmentado e flutuante num eter de dúvidas.

Demorou centenas de anos para chegarmos a um bilhão, hoje é um bilhão a cada 20 anos e em progressão geométrica. Logo seremos tantos que não mais caberemos no planeta. Claro que a possibilidade de uma catastrofe mundial não pode ser descartada pois é o que observamos que acontece de tempos em tempos, como descrito na historia, o que acaba controlando a demografia, não estou vaticinando, so estou abstraindo.

Meu bisavô viu o nascimento da luz elétrica. Meu avô viu o do radio. Meu pai viu o da TV. Eu vi o do computador. Se os politicos e os militares permitirem, meus filhos vão ver o computador quântico e meus netos vão presenciar algo que ainda nem passa pela minha imaginação. Isso se continuarmos abstraindo.

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