sexta-feira, 23 de abril de 2010
Dama da Noite
Sentir aquele perfume derrepente ligou um mecanismo de resgate instantaneo que encontrou soterradas sob os escombros de uma vida algumas memórias tímidas que não sabia onde havia enfiado. O cheiro reunia um coletivo de situações heterogeneas em sua tradução sensorial que remetiam a momentos fugidios e fúlgidos. Inexorável como é, o tempo não se detem em considerações misericordiosas a nosso respeito e fusilanememente nos impõe aos efeitos de seu passar levando consigo a astúcia da inocencia e a coragem da irresponsabilidade. Mas assim é.
E novamente vem com este perfume uma vaga vaga, terna de lembranças, abstrata e transparente, diáfana, flutuante, efêmera, dodecafônica. E vou acordando e dormindo. Recordo, projetei a saudades de um futuro que ja passará. Como se o tempo existisse para comportar o perfume e as lembranças de uma Dama da Noite.
Ilustração e texto: Sergio Cajado
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2 comentários:
Lindo!Poético! Possibilidades de várias leituras, re-leituras, dentro de um mesmo texto.Riqueza de metáforas. Parabéns!
abs
Exercício sobre imagem sublime, Sergio.
abração
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