
Sentir aquele perfume derrepente ligou um mecanismo de resgate instantaneo que encontrou soterradas sob os escombros de uma vida algumas memórias tímidas que não sabia onde havia enfiado. O cheiro reunia um coletivo de situações heterogeneas em sua tradução sensorial que remetiam a momentos fugidios e fúlgidos. Inexorável como é, o tempo não se detem em considerações misericordiosas a nosso respeito e fusilanememente nos impõe aos efeitos de seu passar levando consigo a astúcia da inocencia e a coragem da irresponsabilidade. Mas assim é.
E novamente vem com este perfume uma vaga vaga, terna de lembranças, abstrata e transparente, diáfana, flutuante, efêmera, dodecafônica. E vou acordando e dormindo. Recordo, projetei a saudades de um futuro que ja passará. Como se o tempo existisse para comportar o perfume e as lembranças de uma Dama da Noite.

Ilustração e texto: Sergio Cajado
.