domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tenho um ponto.














Não me sinto nostalgico nas manhãs mas sinto uma vontade enorme de comer pão na chapa com café com leite daqueles que se pedem nas padarias quando é bem cedo e as ruas ainda não estão entupidas de pessoas apressadas querendo chegar em seu trabalho mais cedo de maneira a impressionar seus chefes indiferentes que não percebem o trabalho que deveria ter sido concluido ha varios meses atras mas que repousa ainda nas prateleiras de mogno envelhecidas e doadas por um velho morador que costumava cantar canções amareladas sobre sua infancia passada em algum lugarejo de Andaluzia e que conforme seus avós teria sido onde se refugiaram seus pais após o bombardeio que levara quase a totalidade do vilarejo ao ponto que se encontra em meio a este seculo de tecnologia e informação onde nada que pode ser notado a olhos nus compara-se ao que estamos vivendo neste descompasso de energias fatigadas e corrompidas pelo sugar constante da interação social a que nos obriga o sobreviver em metropoles e grandes centros urbanos destes que se espalham impiedosamente pelos sulcos da mãe Terra sem que nada possamos fazer para deter a marcha inexoravel do progresso e dos tentaculos destrutivos deste grupo social a que ternamente chamamos humanidade embora a noite tenha sono e durma pensando na velocidade que todas as informações vão se concentrando em frascos individuais dentro de involucros pessoais e acumulando-se em periodos tão curtos como o da existencia sem que se possa quantifica-los ou analisalos para obter um resumo de todo o conjunto de fatos de diversas areas diferentes que compõe tudo o que somos, sentimos e almejamos.

Neste ponto resolvo por um ponto em meu ponto, desses que se usa para terminar um texto.

Ilustração e texto: Sergio Cajado
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Um comentário:

sueli aduan disse...

Belo texto,Cajado.Além da poética, uma boa prosa sobre a "loucura" que a maioria vivencia. E a falta de pontuação, proposital, nos impele à uma leitura de um fôlego só ,"talvez" queira com isso fazer uma alusão a velocidade de tudo. A-do-rei!!!
abs