segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Qual a explicação?

Outrora nos diafanos tempos em que era criança, quando o vento assobiava no capim sem limites e o ar cheirava a flores coloridas, imaginava o futuro como uma porta que se abria para a continuação do que era o melhor de todos os tempos. Aí a porta se abriu e estava passando cidade de Deus, tropa de elite, the pursuit of happiness e minha pipoca caiu no chão. Fui multado por sujar o carpete do cinema e me levaram pela orelha para ver o diretor da instituição que me deixou ali sentado por muitas horas. Neste meio tempo, olhei pela janela e vi que nevava. Os flocos caiam gordos e letargicos deixando tudo branco como a cegueira do Saramago. Em pouco tempo, os carros deixaram a neve imaculada suja como o chão do cinema. O que era puro ficou insolitamente poluido e me lembrou que mesmo com as sirenes ao fundo gritando para dizer que algo ruim acontecia ao mesmo tempo, eu não estava la e sim sentado em minha poltrona com a barba branca por fazer.

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7 comentários:

sueli aduan disse...

Cajado:
Como é bom ler um texto,que ao mesmo tempo em que questiona a realidade,que vai fundo, indaga... não perde a poética,o lirismo,a delicadeza, pois sabe, que não são os ingênuos os que acreditam que é possível perguntar, ainda que não se tenha a resposta.
abs

CajadOmatic disse...

Sueli, vc é que é uma fonte de infinita generosidade. Obrigado.
You made my day :o) bjs

Ana Peluso disse...

Poético... muito poético!

CajadOmatic disse...

brigado... vindo de ti, com a força do teu texto, me sinto quase um poeta!

rose marinho prado disse...

Eu tb achava que o futuro seria magnífico.
Não exato que o mundo fosse assim ou assado, mas que eu seria grande. Grande mesmo, forte.
Deu tudo errado.rs


Gostei do texto.

Anônimo disse...

mas nao existe final. Hoje voce ta com a barba para fazer, amanha ta barbeado, outro dia de cavanhaque
beijo mana

CajadOmatic disse...

Rose, talvez seja uma questão de leitura, não do texto :o) ... da vida !

Rê, somos mutações graças a Zeus !!