segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Tempus Fugit



O tempo é a quarta dimensão. Depois de XYZ,
altura, largura e profundidade respectivamente,
a quarta dimensão, é a temporal sem a qual as
outras tres não podem existir.


Sem mais nem menos, nem dividir nem multiplicar. Tempo. Coisa estranha sem definição possivel. Momentos alinhados com duração indeterminada. Filho de Cronos, habilitador da existencia, limitador dos espaços onde estamos e para onde vamos. Não confio no tempo, heroi das vidas, vilão do estar, dele dependo aqui e agora, neste momento onde não vejo saída.
Hei de ser testado por seus caprichos e morrerei em seus braços frios, impiedosos que a todos consome.

Com ele aprendi, com ele esquecerei, meu amigo inimigo tempo, consolador de desconsolos, arcanjo luminoso dos céus do purgatório, fiat lux e a luz se fez, mas o tempo foi ainda assim necessario para que ela existisse e iluminasse as trevas do presente.

Tempo. Insaciavel, incansavel, imponderavel, inconsistente, inegável, insidioso, inerente, infalivel, e impostor. Tempo, este que não tenho, não tens, não terão e que soterrará os gritos do futuro no passado. O fogo que queima meu presente, brinquedo dos deuses, onipresente, onisciente, ignorante e ausente.

Time, Zeit, Tiempo, Temp, Teutto, Tempus, Iqa' Haraki, Tid, Cronos, o continuo das experiencias no qual os eventos passam do passado para o futuro. Meu tempo. Tempo de nascer, tempo de aprender, tempo de acreditar, tempo de olhar, tempo de amar, tempo a tempo de presenciar o tempo passar em tempo. Temporizo estas metáforas sem sentido em meu proprio tempo sem necessidade de expressar mais do que pode ele mesmo significar ou representar.

Nele te consumirás, atraves dele entenderás e subirás aos céus sem corpo, sem materia, sem dever nada ao passado presente ou futuro, nele estenderei minha esteira e verei as nuvens passarem, neste não substantivo, não adjetivo, não verbo ou pronome, neste conceito atemporal da presença inequivoca de Deus.


Tempo te invoco, apareça, mostra-me, ensina-me o que não devo, não posso e não vou nunca entender. Chacina minhas lembranças vãs, leva contigo os momentos vividos por este ser forjado nas temporalidades do momento e os despeja no infinito continuo do Universo, a unica porção integra do Verbo.


3 comentários:

sueli aduan disse...

Cajado:
Não há dois lugares, nem talvez duas horas, em parte alguma,
exatamente iguais.
Quão diferente é o cheiro do meio-dia do da meia-noite, o cheiro do outono do cheiro do inverno, o de um momento de brisa de outro de calma.
O mundo é na verdade um festim da vida!
Walt Whitman

Cada qual enxerga o meio dia da porta de sua casa, diz o adágio africano
...mundo de povos diferentes... têm formas diferentes,
o espaço não se conforma à geometria euclidiana, o tempo não constitui um fluxo contínuo de sentido único, as causas não se conformam à lógica aristotélica...
W. Goldschmidt

abs

CajadOmatic disse...

Sabias palavras Sueli, belas constatações, o tempo é mesmo um mistério talvez insolúvel porem nos permite essas conclusões que embora incompletas são cheias de imagens e poesia que nos inundam a mente em nosso afã de entende-lo. Abçs

sueli aduan disse...

É esse seu texto Sergio, ma-ra-vi-lho-so...,que permite essa boa empreitada, essa busca na memória,o exercício do pensar... Continua escrevendo.
obrigada.
abs